Clínica Dra. Rosa Basto - Psicologia e Hipnoterapia | Vulnerabilidade é ter coragem de assumir quem somos de verdade

Vulnerabilidade é ter coragem de assumir quem somos de verdade

Clínica Dra. Rosa Basto - Psicologia e Hipnoterapia | Vulnerabilidade é ter coragem de assumir quem somos de verdade

Quantos de nós guardamos sentimentos e pensamentos que não partilhamos por receio do julgamento dos outros (pela vergonha, pela preocupação de não incomodar)? Ou quantos de nós num ato de desabafo até ganhamos essa coragem e no final da (nossa) história ouvirmos: “Isso passa!” ou “Vai ficar tudo bem!” “Foste sempre tão forte, não percebo porque é que estás com essas coisas!”. E tal como num conto de uma história, quando o final é este, tirámos uma péssima lição: mais vale (continuar) a calar o coração.


Pois bem, às vezes “não passa”. Muitas vezes demora demasiado tempo para “ficar tudo bem”. Quase sempre existe um motivo válido “para estarmos com estas coisas”. Mas lá vamos empurrando a poeira para debaixo do tapete e aos pouquinhos sem querer convencemo-nos ou “aprendemos” a calar o que sentimos e consequentemente invalidamos as nossas emoções. E os dias vão passando e a casa vai ficando completamente desarrumada. Pegamos nas tralhas que até queríamos arrumar, e voltamos a guardar (tal trapalhões) tudo dentro, na esperança de que assim de repente, quase como por magia tudo se reorganize e fique mais limpo, e que a poeira um dia se vá com o vento.

Longo tem sido o caminho que se tem percorrido na promoção da saúde mental, mas a sociedade atual cultiva ainda uma espécie de positivismo tóxico focada na autocontenção, que nos leva a silenciarmos as nossas emoções (ou a dos outros), sobrevalorizando e generalizando estados de felicidade e de bem-estar, impondo uma atitude positiva e de falsa autopreservação. O veneno é a crença de que temos que estar sempre felizes e bem, que temos que ser “fortes”, que tudo deve ser aguentado.

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Por isso a fuga e o evitamento das emoções e sentimentos mais desconfortáveis tornaram-se um autêntico mecanismo de adaptação. O estoicismo tornou-se uma força, o individualismo uma falsa privacidade, e a frieza uma forma de autocontrole.

“O veneno é a crença de que temos que estar sempre felizes e bem, que temos que ser “fortes”, que tudo deve ser aguentado.”

As emoções surgem, como respostas automáticas dadas pelo nosso cérebro perante a perceção de determinados acontecimentos e situações e são uma forma de auscultarmos o que acontece dentro de nós. Quantas vezes digo aos meus pacientes “a sua ansiedade não é o incêndio, ela é o alarme”. Reprimir emoções, calar ou até mesmo mascarar pode convencer-nos a nós, pode convencer os outros, mas não convence a nossa mente. A nossa mente é “sábia e amiga” e encontrará sempre uma forma de as fazer notar. “O incêndio é outra coisa qualquer que vamos descobrir onde está” – continuo.

Sentir e expressar apenas estados emocionais agradáveis é uma forma de desonestidade com o nosso Self, com a nossa essência, sobretudo quando as situações exigem que aceitemos e abracemos também o desagradável. António Damásio (um dos mais notáveis neurocientistas portugueses) disse “Somos máquinas de sentimentos que pensam e não máquinas racionais que se emocionam”, e por isso importa não calar as emoções e os sentimentos. Elas são uma parte fundamental da nossa essência, da humanidade que existe em cada um de nós.

São muitas vezes as emoções não vividas ou não experienciadas que mais tarde se vêm a manifestar como baixa autoconfiança, dificuldades de relacionamento interpessoal e isolamento social, padrões de comportamento disfuncionais, perturbações mentais e até mesmo doenças físicas.

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A solução para sermos saudáveis e equilibrados mentalmente e fisicamente, e para sermos quem temos que ser, está na permissão para sermos vulneráveis. Associamos vulnerabilidade à exposição, ao medo, à fraqueza, ao risco de sofrer ou de ser magoado, contudo isso é viver, é ser humano. A vulnerabilidade significa a partilha do seu eu interior de forma aberta e honesta.

“A solução para sermos saudáveis e equilibrados mentalmente e fisicamente, e para sermos quem temos que ser, está na permissão para sermos vulneráveis.”

Brené Brown, num dos seus estudos percebeu que a vulnerabilidade é uma das características que definem pessoas que se percecionam como merecedoras do amor e do sentido de pertença.

Ao fugirmos da vulnerabilidade, adormecemos emoções mais desagradáveis, mas deixamos também de experienciar todas as outras agradáveis! Adormecemo-nos, quando viver a vida significativamente implica estar desperto.

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Mantemo-nos blindados ao sofrimento numa falsa zona de segurança e proteção, mas também é quando perdemos a oportunidade de descobrir as nossas forças e atualizarmos o nosso potencial. A vulnerabilidade é fundamental para construir relacionamentos (entre eles o mais importante da sua vida, que é o que tem consigo mesmo!).

Algumas sugestões para se permitir a ser mais vulnerável:

  • Reconheça e explore os seus sentimentos quando eles surgirem: dê-lhes legitimidade e não julgue.
    Pergunte-se a si mesmo: “o que é que este estado me está a querer dizer?” Tome consciência que emoções e sentimentos não o definem: por exemplo a raiva não faz de si uma má pessoa, assim como o medo não faz de si alguém fraco.
  • Assuma o melhor dos outros.
    Tome consciência que ninguém pensa tanto em nós como nós mesmos, ou seja não assuma à partida que vai ser julgado. E se isso acontecer é porque provavelmente essa pessoa também está a sofrer.
  • Seja presente e acolhedor.
    Permita que os outros sejam vulneráveis consigo também.
  • Abra-se lentamente (ao seu ritmo) num espaço seguro e com os seus limites definidos.
    Ser vulnerável não quer dizer que tenha que se expor em demasiado e logo de imediato. Mas quando se sentir na incerteza não fuja, permaneça e tente ter consciência das suas armaduras e máscaras e experimente fazer diferente: não se esconda!
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